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Sobre fé

Posted by Blogueira on 11:45 in ,

Deus não é um distribuidor de presentes. Tenho certeza! Por que Deus curaria um câncer incurável e deixaria milhões morrendo por inanição mundo afora? Por esse e outros motivos é engraçado ver adesivos pregados em carros populares com dizeres como: “Foi Deus quem me deu”, “Fruto do meu relacionamento com Deus”, entre tantos outros. Vejo esses adesivos como um dos pensamentos mais primitivos que uma pessoa pode ter. Se Deus fosse um mero distribuidor de presentinhos, Ele seria muito injusto com a galera que anda de ‘busão’.
Acredito que a morte é, verdadeiramente, a situação mais democrática que pode existir, pois ela é para todos. Não é apenas para alguns e eu até já pensei numa lápide para mim: “Ela não teve o que mereceu! A morte é para todos”. Sei que essa lápide jamais existirá, pois minha família é polida demais para tanto. Pelo menos evitaria pensamentos idiotas como: “Ela sofreu porque era ruim”. Desculpem-me, caros leitores, mas as pessoas pensam assim: se o cara é bonzinho e tem uma doença destrutiva, dizem que ele foi um lutador depois que morre. Se o cara é arrogante como pensam que eu sou, dizem que teve aquilo que mereceu. Primitivismo, nada mais que primitivismo.
É a fé que faz as pessoas acreditarem em tudo. E, confesso, não tenho fé, jamais removerei montanhas, o que me deixa tranquila, porque nunca vi ninguém fazê-lo. É a fé que faz as pessoas acreditarem que exista algo do lado de lá. Eu não faço a menor ideia. Se existir algo, ótimo! Se não existir nada, eu nunca saberei, nem ninguém...
Não ter fé não significa desacreditar, completamente, de Deus. Juro que quero que Ele exista, mas, quando paro e penso, fico louca. Penso de onde veio a poeira cósmica que deu origem ao universo e penso que se for mesmo Deus o criador do universo, Ele sempre existiu e imaginar que algo sempre existiu e que ninguém o criou vai muito além do que eu consigo imaginar. Aliás, ninguém consegue imaginar isso, os fanáticos tentam se enganar, mas estão aprisionados na idiotice de seus pensamentos, nunca conseguirão pensar além daquilo que lhes é pregado e, assim, qualquer palavra dita se torna uma verdade absoluta para eles: os Neandertais do século XXI.
Acontece de perder o rumo, de querer fugir. Mas acontece de querer e ter que encarar as situações. Como eu já disse em algum outro texto, não rezo para que Deus me proteja e me dê saúde, rezo para que Ele exista. Simplesmente, porque não consigo entender o conceito de Deus me curar e não curar outras pessoas. De Deus me livrar de todo o mal e o mal assombrar outras pessoas. Tenho vergonha de pedir: cure-me, ajude-me, sabendo eu que há um limite para minha existência carnal e que há um limite para todos os outros mortais. Eu não estou sozinha, ninguém está.
Se existe um Deus, Ele colocou as pessoas no mundo para se ajustarem e ajustarem o mundo. Mas elas (nós) não conseguem (mos). É o livre arbítrio! Há regras e leis, classes e categorias, subdivisões de uma mesma espécie. Há um desajuste sem fim. No entanto, a humanidade é livre para fazer o que quiser. Só valeria a pena existir se houvesse um julgamento. Caso contrário, a diferença entre um assassino cruel e um humanitarista seria nenhuma.

Imagem: Gettyimages

                                                                                                      

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