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"Romance"

Posted by Blogueira on 13:02 in

Quando assisti ao filme “Romance” com roteiro de Guel Arraes e Jorge Furtado, pensei que fosse só mais um filme brasileiro. Nada contra filmes brasileiros, inclusive costumo prestigiar muito o cinema nacional. Acredito, entretanto, que há muito para evoluir.
Tive uma grata surpresa ao ver “Romance” há uns dois anos ou mais, pois foge à regra, até mesmo pelo nome que se confunde (mistura) ao gênero. Acredito em percepções subjetivas, mas indicá-lo para quem está apaixonado vai cair como luva e garanto a emoção do espectador.
Eu estava apaixonada, mas confusa quando vi o filme. Acho que a paixão confunde. E a confusão de sentimentos é algo também retratado no filme. Indico o filme para quem está confuso em relação ao amor. Vale a pena preparar pipoca, comprar pizza, seja lá o que for. Mas, acima disso, vale a pena se emocionar vendo este brilhante roteiro, que não deixa a desejar em nada, pois, além de tudo, possui também uma sensacional trilha sonora. Caetano Velloso é responsável pela maravilhosa interpretação de “Nosso estranho amor”.
Foi mais um filme visto na faculdade, o auditório estava cheio, pois era dia de “Enfoque Letras” e todos os períodos estavam reunidos no mesmo local. Minha percepção poderia ter sido outra se eu estivesse em casa na minha cama ou no sofá, mas quando se ama qualquer lugar é lugar para se emocionar.

Ao contracenar a peça "Tristão e Isolda" com Ana, Pedro acaba se apaixonando. Mas o namoro deles é afetado pelo posterior sucesso dela na TV, impulsionado pela empresária Fernanda. Além disso, ao gravar um especial de TV, Ana conhece Orlando, um ator por quem se apaixona.

Imagem: Google


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Gaiola imaginária

Posted by Blogueira on 20:14 in ,

Liberdade é uma palavra pesada. É estranho dizer isso, pois deveria ser leve, mas não existe outra leveza que não a espiritual e meu espírito não é leve. Raskólnikov é como uma amiga me definiu certa vez. Posso arrumar as malas e de onde estiver apenas comunicar onde estou. Posso dizer tchau já indo. Posso nem dizer tchau. Eu criei os meus freios imaginários e agora me sinto tão prisioneira de mim que todos os cadeados não possuem mais chave, pois eu as joguei no meu infinito também imaginário.

Sou como um pássaro livre! Mas os limites territoriais do meu espaço aéreo não transponho. Vivo observando a antiga gaiola ou a gaiola em que nunca estive. Liberdade, palavra forte, mas pesada e difícil de carregar. Ser livre não é poder tudo, liberdade tem limites.

Eu preciso de espelhos que possam refletir a minha imagem diária, assim eu não me esqueço de mim, de como sou, de como fui. Todas as prisões estão dentro de mim e o meu grito de dor se perde no infinito, ninguém pode ouvi-lo.

Os meus momentos, a minha calma se confunde com o azul do céu, pois os vejo mas não posso tocá-los. Talvez eu escreva uma mensagem e coloque em uma garrafa, assim do outro lado do oceano vai haver alguém que ouvirá o grito de outra pessoa colocado na garrafa e perdido no oceano. Meu grito navegará sem destino. E eu aqui livre, porém trancada na gaiola imaginária.

Vocabulário:

Raskólnikov - é o personagem principal do livro Crime e Castigo de Dostoiévski. Abalado tanto emocional quanto financeiramente, também tem grandes dificuldades sociais e é frequentemente neurótico com pequenas coisas, como multidões. Raskólnikov flutua entre os extremos do altruísmo e da apatia. Raskólnikov acreditava que as pessoas estavam divididas entre "ordinárias" e "extraordinárias".

Mais sobre Raskólnikov, só lendo "Crime e Castigo".


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Eu sumi de mim

Posted by Blogueira on 23:47 in ,

Muitas vezes, penso que sou repetitiva. Penso que canso as pessoas, mas o que fazer? As pessoas me cansam também. Aliás, ando cansada, muito cansada de mim. Algumas escolhas foram burras, alguns caminhos foram os únicos, sem alternativa. Respiro fundo, mas o peso da minha respiração não pode diminuir, pois não há uma forma inteligente ou aceitável de fazê-lo.

Eu sumi, me escondi de mim, mas ainda sou obrigada a caminhar em meio à multidão, pois faço parte dela. Queria precisar não ver ninguém, como se me trancar dentro de mim não fosse apenas uma opção mental, mas também física. Estou farta! Não quero ouvir ninguém, mas por que insistem em manter um diálogo?

Não quero amar mais nada, mas alguns amores ficarão em mim para sempre, não posso destruí-los. São sentimentos fraternos cravados como espinhos dentro do coração. Não há como retirá-los. Não são apenas pessoas, são meus vínculos eternos. Quisera eu poder deixar para trás como faço com o resto, deixar de plantar em minha mente preocupações, medos, desejos de alegria e realizações. Descobri que tenho medo da vida e não há cura para isso.

É fracasso não ser mais forte do que o medo, não ser mais forte do que a dor física. Tudo morre, até as lembranças, que um dia vão evaporar como orvalho da manhã fria. Do que preciso, afinal? Amor? Força? Indiferença? Atenção? Coragem? Raiva? Cura? Não sei o que preciso, todas as materialidades apenas escondem aquilo que o meu espírito jamais encontrará.


Imagem: Google


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Uma

Posted by Blogueira on 12:49 in ,

Não sou ninguém. De valor possuo quase nada. Tenho poucas crenças.
Bondade, lealdade, sinceridade para mim é tudo hipocrisia. Apanho sem levar um tapa, mas um dia posso aprender a lição.
Já acreditei em anjos, santos e demônios. Hoje os invoco o tempo inteiro. Ou eles não vêm, ou já não posso enxergá-los.
Alimento-me mais do que realmente necessito. Falo mais do que penso, e ainda não descobri o que é pior.
Afinal, quem eu sou? E por que estou aqui? Ao acordar pela manhã, já não encontro a pessoa do dia anterior. Estou sempre em mutação. Um dia me amo, no outro me odeio. Em relação ao que sou, a maioria das pessoas é só incompreensão. Mas eu também não as compreendo. Só deveria exigir algo se fosse pago. Ainda assim, às vezes me percebo exigindo aquilo que ainda não paguei, ou talvez não pense em pagar.
Não sei explicar, não entendo explicações, estou sempre do lado errado, mas sempre o lado que desejo estar, mesmo que me machuque. Mesmo que o solo seja infértil.
Sou péssima, improdutiva, ociosa e covarde. Parte de mim quer ser vilã. A outra parte prefere o anonimato ao heroísmo. Não desejo o bem e duvido que alguém faça isso por mim. Não desejo o mal, mas me sinto culpada por saber que gostaria de desejar.
Sou pior que a maioria, mas isso se explica por eu, simplesmente, não fazer parte dela. Odeio maioria, assim como odeio unanimidade. Não acho que a unanimidade seja burra, apenas injusta. E de injusto já chega o fato de eu ser apenas uma, só mais uma.

Imagem: Google


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Como acordar o aluno?

Posted by Blogueira on 15:25 in ,
"O professor disserta sobre ponto difícil do programa. Um aluno dorme, Cansado das canseiras desta vida. O professor vai sacudí-lo? Vai repreendê-lo? ...Não. O professor baixa a voz, Com medo de acordá-lo."
(Carlos Drummond de Andrade)

Todos, algum dia, estivemos na posição de alunos, mas poucos estarão, algum dia, na posição de professores. Sinto-me privilegiada por, muitas vezes, ser considerada a detentora da verdade e dona da razão quando estou de costas para o quadro negro e diante de olhares curiosos para conhecerem aquilo que já me causa fadiga. Outras vezes, os olhares são vencidos pelo cansaço e adormecem.

O horário noturno é injusto, não para o professor, que é um ser surreal e não tem cansaço, é o que demonstram alguns alunos quando metralham o professor com perguntas embaralhadas em mais de uma voz. Mas injusto para o aluno que vai aprender depois de um dia exaustivo de trabalhos, sejam eles quais forem. O horário vespertino causa aquela preguiça por ser após o almoço, mas não para o professor que é um ser estranho e nem deve sentir fome. Já o matutino, desperta o aluno do sono profundo da madrugada, que é uma injustiça ter fim. Mas todos os sonhos têm fim.

Não é justo despertar os alunos que dormem, lá estão eles de olhos fechados para o conhecimento, mas bem abertos para o sonho. O que será mais importante? Sonhar? Aprender? Os sonhos desmancham a pesada realidade fincada nas costas. Aprender (conhecer) torna-nos mais acordados para a vida, mais repelentes a injustiças mil. Mas como acordar o aluno que dorme? Ele sonha e eu de olhos bem abertos. Estamos em mundos opostos, é preciso afirmar.


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