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Pelo menos no meu aniversário

Posted by Blogueira on 00:04 in ,



"A mudança é a lei da vida. E aqueles que confiam somente no passado ou no presente estão destinados a perder o futuro."
(John F. Kennedy)


Existem alguns assuntos que nunca vou concordar: Primeiro, não me diga que existem várias verdades, porque não existem. O que existe é uma verdade e várias pessoas pensando que possuem a sua verdade. Segundo, não me diga que somos todos iguais, pois não somos. Graças ao Bom Deus cada um possui as suas peculiaridades, tanto físicas quanto psicológicas. O que posso até concordar é que somos iguais perante a lei, embora a realidade esfregue na minha cara várias exceções por aí. E, em terceiro, tenho que ouvir as pessoas me dizerem que em Português e Literatura existem várias respostas, o que de forma nenhuma é verdade. O que existem são várias formas de dizer a mesma coisa. Se existissem várias respostas, para quê testes de vestibular? Qualquer resposta estaria certa, afinal. Aí, só existiriam provas e testes das ciências exatas.

Desde que decidi mudar, percebi que não tive que fazer muito esforço, apenas comecei a falar menos. No início, me senti como as águias, aquelas que arrancam suas penas, unhas e bicos para se renovarem e viverem restauradas por mais uns cinquenta anos. Mas é claro que sou humana e tenho lá os meus deslizes, que não são poucos. Só que aquilo que pensei que exigiria muito de mim, não me fez sofrer, ao contrário, me fez melhor. Foi muito mais difícil para as pessoas ao meu redor aceitarem a nova eu. ‘Tá certo’, às vezes me corroo, me belisco, me mato por dentro, pelo simples fato de não poder calar a boca de gente ignorante, que só fala ‘merda’ e pensa que é a franca elite intelectual deste país de tupiniquins que, aliás, tem me feito cada vez mais querer fugir. Tenho certeza que ainda vou encontrar meu lugar no mundo, mesmo que seja apenas dentro de mim.

As mudanças foram demarcadas por mim, mas chegou um momento que esqueci que queria mudar e tudo acabou sendo muito automático. Quando, realmente, percebi, já não estava me sentindo uma atriz, não parecia mais que eu estava contracenando e fingindo ser o que eu não era. Hoje eu posso dizer que, realmente, sou aquilo que eu parecia fingir ser. Mas... há um longo caminho a percorrer, alguns eu já iniciei. Quero até fazer análise, mas não com psicólogos, é que quando eu voltava da faculdade de van conheci dez ou quinze deles no decorrer de três anos e meio de curso e, realmente, penso que eles não podem me ajudar muito... nada contra a profissão, apenas uma barreira que eu criei. Embora em meu último estágio eu tenha conhecido uma psicóloga maravilhosa, que em um simples diálogo me fazia sentir super aberta a expor meus pensamentos ‘Raskolnikovianos’. Também tenho medo de meus papos psicológicos serem expostos, já que não confio muito em segredos guardados, nem em padres... muito menos em padres, ‘né’? Sei lá, talvez eu vença as barreiras e procure um psiquiatra, mas ainda não sei... O futuro me espera e permanecerá a me esperar.

Como hoje é meu aniversário e é hora de apagar as velas do bolo, apenas peço que me deixe ter razão, não discuta minha forma de pensar. Porque, sinceramente, eu só vou mudar se eu quiser. E, deixo claro, não tenho a fraca e idiota intenção de mudar ninguém, porque as pessoas só mudam se quiserem. Mas reafirmo: Não existem várias verdades, não somos todos iguais e em Português e Literatura não serve qualquer resposta. Pelo menos no meu aniversário me deixe ter razão.


Imagem: Getty images


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Banco vazio

Posted by Blogueira on 18:32 in ,

Sentou-se ao meu lado e começou a falar de si, assim... de repente... como se me conhecesse, achei que conhecia, mas era apenas uma daquelas pessoas que conversam com estranhos como se os conhecessem. Começou a falar da sua paixão proibida, então (como há muito tempo não acontecia), eu me interessei pelo assunto que, do início ao fim, não era ruim. Eu não falava quase nada, apenas concordava balançando a cabeça positivamente. Mas eu queria mesmo escutar aquela história, era uma história bonita, mas apenas mais uma história de paixão proibida que não funcionou. Eu fiquei pensando em como tem gente que sofre por paixão... Acabou me dizendo que às vezes se sentia como um banco vazio e eu disse que tinha tanta gente assim também, mas não adiantou muito, nunca adianta, parece que as pessoas ficam cegas, surdas e mudas (internamente) quando seus bancos estão vazios. Eu disse que talvez (ela, a pessoa) pudesse tentar ocupar esse banco, mas me disse que não, disse que o banco estava mesmo vazio e ia permanecer. Por quanto tempo? (eu perguntei) Disse-me que não sabia, então reafirmei que nenhum banco ficava vazio para sempre mesmo que se quisesse. De repente, alguém cansado de caminhar ia acabar querendo descansar e, quem sabe, sentar naquele banco vazio. Olhou para mim com olhar de desacordo, mas não disse nada e... quem cala, de alguma forma, consente.

(2009)

Imagem: Google


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Não precisa estudar

Posted by Blogueira on 19:01 in , ,

Achei engraçado quando uma aluna, do auge dos seus vinte e poucos anos, me disse que o que ela queria, realmente, fazer não precisava de estudo. Curiosa, eu quis saber: _Afinal, o que você quer fazer? Ela me respondeu com um sorriso: _Quero ser jornalista! Demorei a absorver a informação, não entendi a frase inicial de que não era preciso estudar. Então, indaguei: _Mas para ser jornalista não precisa estudar? Ela argumentou: Não, ouvi dizer que não é preciso ter o curso de jornalismo para ser jornalista. Uau... O diálogo se estendeu, mas não sei se, de fato, a aluna foi capaz de compreender que para ser jornalista é preciso estudar muito e “de quebra” ter um bom apadrinhamento para ser sucesso garantido. Fatos assim conseguem acabar com minha autoestima, com minha posição de educadora, professora, sei lá. Na era da internet, dos filmes, livros, novelas e muito mais ainda falta o básico: compreender as informações. Sinto-me culpada, pois a função do professor, seja ele de qual disciplina for, é fazer com que o aluno absorva melhor as informações e compreenda a vida da maneira mais clara possível. Por outro lado, sei que não sou a salvadora da pátria e ainda tenho muito que aprender, só espero que a caminhada do meu aprendizado não termine nunca e que eu seja aprendiz até o último dos meus dias. O que mais me impressiona é a aluna ter ficado decepcionada com o fato de ter que estudar para atingir os seus objetivos. Ou seja, é a lei do menor esforço. Confesso, não sei o que fazer diante disso.

Ao final da longa explicação, a aluna me disse: _Você jogou um balde de água fria nos meus sonhos. Então, pensei, pois não tive forças nem para responder: _Você também jogou nos meus.

"E o salário ó..."

“A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele e, com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse a renovação e a vinda dos novos e dos jovens. A educação é, também, [o espaço] onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las do nosso mundo e abandoná-las a seus próprios recursos, e tampouco arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para nós, preparando-as, em vez disso, com antecedência, para a tarefa de renovar um mundo comum.”

ARENDT, Hannah. A Crise na Educação. In: Entre o passado e futuro. São Paulo. Editora Perspectiva, [1946] 2009. p. 247.


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Cabeças pensantes... e retrógradas

Posted by Blogueira on 11:45 in

É difícil compreender a sociedade a que, infelizmente, estou imposta. Refiro-me à sociedade brasileira, é claro! Dias atrás, vi divulgado na internet, ou melhor, estampado em murais de redes sociais e repassado em e-mails um vídeo com a fala de um homem que sugere ser de uma geração contemporânea. Mas é claro que se trata de um jogo midiático para chamar a atenção dos incautos. Na verdade, o que o vídeo faz é tentar convencer que todos têm direito a não aceitar os gays. É tão ridículo, em pleno século XXI, deparar com fatos assim, que acontecem por puro e fora de moda preconceito.

O vídeo critica a luta no congresso pelos direitos dos homossexuais, como se isso fosse um crime absurdo. Por exemplo, ainda assisto, envergonhada, a atos racistas contra negros, e olha que existe lei para defender os negros. Imagine se essas leis não existissem? Eu seria obrigada a presenciar negros serem agredidos nas ruas pelo simples fato da sua cor de pele ser negra, é claro que isso ainda ocorre, mas existe uma lei para punir os racistas. O que os defensores das bandeiras homossexuais querem é que os homofóbicos (agressores) sejam punidos, pois, até então, não existe lei para fatalidades do tipo.

O que me surpreende é o direito a ter direito incomodar tanto as pessoas, a ponto de difundirem vídeos levantando bandeiras contra os direitos dos homossexuais. Por que a opção sexual ainda choca e assusta as pessoas? Por questões religiosas, deveriam se preocupar mais em amar ao próximo, pois é isso que a Bíblia prega. Por que travam guerras em nome do que é certo ou errado aos olhos do Deus? Quem deve julgar é o Grande Criador! Aliás, Jesus deixou registrado que atirasse a primeira pedra quem não tivesse pecado.

A sociedade brasileira ainda é muito preconceituosa e atrasada. Se houvesse respeito mútuo, não haveria necessidade de criar leis para defender negros, homossexuais e até mesmo mulheres, pois as pessoas, simplesmente, respeitariam umas às outras. O que esses retrógrados ainda não entenderam é que não é uma questão de aceitar ou não os gays, apenas respeitá-los. Eu não gosto de muitos vídeos por aí, entretanto, respeito, mesmo que assustada, os pensamentos retrógrados expostos nesses vídeos.

Penso que há muito para caminhar. O Brasil já foi um país ditatorial em que as mulheres não podiam nem mesmo votar, hoje temos uma mulher PresidentA e muitos ‘engolem’ como um veneno essa questão, o que é uma pena. Se as cabeças pensantes fossem mais abertas neste país, a bandeira seria de todas as cores e não só verde e amarela. Entretanto, enquanto as cabeças pensantes insistem em ser retrógradas, eu insisto: Avança, Brasil!


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