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“Minhas tardes com Margueritte”

Posted by Blogueira on 19:01 in ,


Eu sou suspeita para falar desse filme, pois adoro os filmes contracenados por Gérard Depardieu, que é um grande ator, com certeza. Entretanto, “Minhas tardes com Margueritte” desperta algo difícil de ser traduzido nos tempos atuais: o amor ao próximo. A partir de uma história, num primeiro olhar, simples, o filme consegue costurar um belo roteiro, digno de lágrimas no final e tudo mais. A simplicidade do contexto consegue tocar fundo.
Germain (Gérard Depardieu) é um homem rústico que tem uma complicada relação com a mãe, a qual começa a apresentar os dolorosos sinais de uma loucura real. A história é bem montada pelo fato de muitas das cenas emocionantes do filme fazerem parte apenas das lembranças do protagonista, que retoma trechos tristes e complicados de sua vida, que foram o que, com certeza, constituíram sua personalidade sofrida e, ao mesmo tempo, grandiosa.
O filme possui profundo diálogo com o mundo da leitura, já que Germain possui enorme dificuldade em montar e dar sentido às frases, até quando conhece Margueritte (Gisèle Casadesus). Uma simpática senhora, voraz e ávida por livros, que apresenta os indícios de uma eminente cegueira e precisa de um leitor para não perder, de fato, o contato com o mundo das letras. É nesse fabuloso encontro que se dá a magia do diálogo entre um homem cheio de amor para dar e uma idosa abandonada num asilo. Ambos têm muito a oferecer um ao outro, e o encontro entre os dois promete grandes surpresas que, é claro, não revelarei.
Outro foco central do filme baseado no livro “La Tête en Friche”, de Marie-Sabine Rogeré é a suposta falta de amor da mãe louca por seu filho de coração enorme. Será mesmo? Tudo fica a critério do espectador. Na minha humilde opinião, todo o conflito é gerado pela incapacidade de conseguir demonstrar os sentimentos. Muitas pessoas têm problemas com isso, sabia? Mas dessa vez não vou me incluir, pois não sou tão amarga assim. Também não posso me esquecer da relação do protagonista com sua namorada. Uma mulher preparada para amá-lo da forma que ele, verdadeiramente, é.
"Minhas tardes com Margaritte" é um filme curto e quando termina a gente sente uma imensa tristeza por ter terminado. Como algo que nos emociona tanto pode ter fim? Também acredito que este tipo de filme é a demonstração de que filmes ‘cult’ podem, sim, atingir um público mais popular, pela fácil assimilação. Mas tem gente que não gosta mesmo, deixa pra lá, né?
Convido o querido leitor a permitir-se mergulhar no universo desse roteiro tão interessante e mágico. Aliás, acredito que tudo que inclui livros é libertador, é arte e, sendo assim, é vida!

FICHA TÉCNICA
Diretor: Jean Becker
Elenco: Gérard Depardieu, Gisèle Casadesus, Maurane, Patrick Bouchitey, Jean-François Stévenin, François-Xavier Demaison, Claire Maurier, Sophie Guillemin
Produção: Louis Becker
Roteiro: Jean Becker, Jean-Loup Dabadie
Fotografia: Arthur Cloquet
Trilha Sonora: Laurent Voulzy
Duração: 82 min.
Ano: 2010
País: França
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Imovision
Estúdio: ICE3
Classificação: 12 anos

Imagem: Google (Cartaz de divulgação do filme)




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Uma nova sedentária

Posted by Blogueira on 18:59 in



Sou prova concreta de que o sedentarismo transforma as pessoas em todos os sentidos (tanto físicos quanto psicológicos). Eu que era fã dos esportes, me vejo com a mortal preguiça de fazer uma simples caminhada até a esquina mais próxima. É preguiça de tudo.
Olho para o antigo tênis de corrida e rezo para que ele crie asas e saia voando comigo por aí. Não... já não tenho a mesma disposição. As tigelas de açaí me causam a mesma modorra de após o almoço, só quero cochilar e que os cochilos sejam longos.
Agora vejo a balança sentir a pressão da gordura, a mesma que em outros tempos era chamada de massa muscular. Eu que nem sentia o tempo passar, agora percebo uma dor nas costas que já não quer calar: Seria ela o resultado dos pulos e cambalhotas que agora não consigo se quer imaginar?
Da adolescente com sonhos olímpicos restaram fotos amareladas e medalhas enferrujadas. Da bicicleta ergométrica, comprada por impulso consumista, restou o olhar enfastiado ao percebê-la em um canto qualquer da casa.
Talvez amanhã eu acorde impulsionada a esportes radicais e que me façam sentir mais viva. Por enquanto, olhar para o teto da sala já me desgasta demais.

Imagem: Google

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Ano revelador

Posted by Blogueira on 14:00 in ,


Sempre discordei de pessoas que me dizem que o ódio é o sentimento mais próximo ao amor e continuo discordando. Se eu odeio alguém hoje, não posso amá-lo amanhã. Se eu amo alguém hoje, não posso odiá-lo amanhã. Sempre pensei assim, e, pelo o que tudo indica, pensarei até o fim. Algo revelador, entretanto, me ocorreu em 2010, descobri que posso sentir nojo de pessoas que, um dia, amei. Parece estranho, mas é assim que me sinto em relação a algumas pessoas. Não digo da ‘boca para fora’ ou por mágoa, digo do mais profundo da minha alma. Algumas pessoas são sujas, e, se são sujas, nunca serão capazes de algo, surpreendentemente, bom. Enfim, o ser humano, a cada dia que passa, se revela destrutivo em termos de atitudes nojentas. Não sou dona de nenhum tipo de verdade e conheço todos os meus defeitos. Mas jamais me rebaixarei por pequenos valores, e, quando digo pequenos valores, incluo aí coisas banais como um passeio idiota em um carro bonito, uma viagem para algum lugar, uma aventura longe da cidade natal, um presentinho barato... Coisas que, a meu ver, passam em um piscar de olhos... Sei que não posso mudar o conjunto de valores que constitui um ser humano, é impossível, mas não quero que essas pessoas façam parte da minha vida. Acredito que este texto é um desabafo. A parte boa de toda essa história é que as pessoas que não quero em minha vida não enchem uma mão na contagem dos dedos. E, agora, com esse meu novo ‘radar’ para rastrear gente suja, não vai passar desse número. Não posso impedir pessoas sujas de lerem meu blog, se acharem que vai fazer diferença na vida delas... O que eu posso fazer? Entretanto, não são bem vindas. Dou as boas vindas tanto em meu blog como em minha vida a todas as pessoas de caráter, amor ao próximo e desprendimento, estas sim, serão sempre bem vindas. Tenho como hábito ler a Bíblia, não para fazer orações, mas, simplesmente, porque acredito que a Bíblia é um dos livros mais bem escritos que eu já tive em minhas mãos, entre outros milhares de excertos, tenho um de Coríntios que venho carregando no coração: “Todas as coisas me são permitidas, mas nem todas me convêm.” (6:12) Pensem nisso antes de tratar alguém como lixo, pois tudo pode ser descartável no mundo capitalista, mas as pessoas não são.
Feliz.
Estou muito feliz com a minha vida! Não, eu não comprei um carro importado e AINDA não ganhei na Mega Sena acumulada (posso ganhar um dia, pois sou jogadora). Estou feliz por vários pequenos motivos. Agradeço a todas as pessoas que contribuem para meu sorriso diário, já que não tenho tido muitas rugas na testa. Não vou viver correndo atrás de realizações pessoais que talvez nunca cheguem. Se eu viver até 80 anos, serão apenas 29.200 dias e isso me parece pouco para eu viver tentando alcançar metas. Talvez eu morra amanhã e serão 10.220 (ou quase isso) dias que eu vivi com a certeza de que fiz o meu melhor, embora tenha agradado a poucos. Mas, o que importa? Todos têm uma parcela predeterminada de dias para viver, e, no fim das contas, essa parcela vai ser pequena para todo mundo.
(Dezembro de 2010)




Imagem: Gettyimages

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Bandido coração

Posted by Blogueira on 13:26 in





Nunca acreditei que o coração fosse apenas um órgão muscular involuntário, sempre pensei que ele fosse mais, mas esse mais acabou se transformando em Demais e tudo que é Demais não é bom.
Algo pode morrer dentro das pessoas, mas se o coração estiver ali, pulsando, elas ainda sentirão o sangue engrossar e ferver diante de algo que mexe com ele. Ele, sim, o coração. Não acho que ele seja meu, seu, nosso, ele é próprio e sem dono, veja bem o que ele faz, é sempre a mesma coisa, causa sempre os mesmos efeitos. Também não o vejo como fraco, embora aparentemente inseguro e algumas vezes enfartado e que faz circular, mas o que circula não é só o sangue, algo mais é filtrado por ele.
Eu já odiei meu coração, mas isso não fez com que ele parasse de ser sacana e meu cérebro insistia em dizer que ele era burro, mas eu já sabia, talvez antes de meu cérebro dizer ao pé do meu ouvido. Eles são inimigos, mas que droga! Eu estou entre essa guerra desonesta e sem vencedor. Quisera eu que ele fosse só átrio e ventrículo, apenas um transportador de nutrientes e oxigênio que me fazem viver, quisera eu que fosse apenas isso. Feio que me causa pena, forte que me causa raiva por aguentar tanto, por sempre sair ferido, mas aparentemente sem cicatrizes. Ah, por quê? Por que ele não para de uma vez e deixa o cérebro vencer? Por que continua selecionando meu melhor sangue quando quero apenas me envenenar do meu próprio veneno e me engasgar sem respostas, sem ter que ouvir a versão cerebral que, incontido, insiste em pensar em uma forma que aniquile esse bandido coração?
Eu só não queria estar entre essa guerra, eu só queria que esse coração parasse de 'bombear' meu cérebro com as mentiras que eu também não quero que meu cérebro me diga, se é que o cérebro é meu também, eu não comando a eles, mas eles insistem em me comandar.
(2009)

Imagem: Gettyimages

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Rafinha ‘Bosta’

Posted by Blogueira on 14:38 in

Afinal, o que é ser humorista?

O país foi invadido por uma onda de humoristas oportunistas que se denominam humoristas. Um bando de gente sem graça que cria show’s, os quais dão o nome de ‘stand up’ e saem ganhando rios de dinheiro à custa de gente que não sabe distinguir piada de palhaçada.

Na verdade, acho até que minha comparação de piada com palhaçada está equivocada, pois ser palhaço é um dom, uma outra categoria de fazer rir e até mesmo chorar. São poucos os artistas capazes de explorar o patético (não no sentido popularizado, mas sim, dicionarizado). Ser humorista já é diferente, pois o humorista explora o engraçado, explora tudo aquilo capaz de fazer as pessoas rirem ou, simplesmente, sorrirem. Levando em consideração o que acabei de dizer, gostaria de entender qual o efeito de sentido tornaria engraçada a frase Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia… Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem que fez isso não merece cadeia, merece um abraço., qual a graça? 1) Mulher feia tem que ser estuprada? 2) Mulher feia tem que agradecer os estupradores? 3) Estupradores devem estuprar cada vez mais, pois as mulheres feias agradecem? 4)Estupro não é crime? Como assim? Alguém pelo amor de Deus me explique qual o senso de humor (que seja negro) gerado nessa piada, por que eu, sozinha, não consigo compreender. Não mesmo... Para mim é apologia ao crime e não vejo de outra maneira.

Infelizmente, a ‘magnifica’ frase citada neste humilde texto é de um cara com mais de três milhões de seguidores no Twitter, um cara que possui um espaço na televisão brasileira, um cara que faz muitos show’s Brasil afora. Infelizmente, a frase é desse cara. A frase não é de um cara anônimo, bobão e sem estudo. A ‘inteligentíssima’ frase é de Rafinha Bastos, um dos maiores otários da televisão na atualidade e, o pior, é que tem fama de talentoso humorista da nova geração.

Tenho orgulho de dizer que já tentei assistir “CQC”, mas não consegui manter minha concentração nem por quinze minutos. Primeiro, porque não acho válido ficar mostrando vídeos e rindo dos vídeos sentados numa bancada. Não vejo graça nisso. Os vídeos são engraçados e os imbecis do “CQC” fazem algum comentário debochando dos vídeos. Segundo, aquelas entrevistas com os artistas que “enchem o saco” de qualquer pessoa não têm a menor razão de ser. Então, já que o Rafinha “Bosta” acha tudo que ele diz e pensa uma grande piada, já que faz apologia ao crime e fica por isso mesmo, acredito que os artistas têm mais é que fazer como o Paulinho Vilhena: cuspir na cara desses trouxas que pensam serem humoristas, sem dó nem piedade. Ou quem sabe fazer como o Netinho fez com o Vesgo (Humorista marrom do Pânico) enfiar um soco na cara. Afinal, tudo é uma grande brincadeira, ou melhor, uma boa piada estilo “CQC”.


Imagem: Rosto do Rafinha Bosta


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