Minha melancolia
Tempos atrás, assisti a uma palestra sobre melancolia. No dia, eu estava mais preocupada em lanchar na faculdade, pois estava faminta. Entrei no auditório nos momentos finais para responder à chamada, porque sempre tive o estranho e inexplicável medo de ser reprovada por faltas. Devo admitir que, o curto trecho ao qual assisti me pareceu técnico demais para se tratar de um estado humano. Mas como não assisti à palestra por completo, não posso julgar os conceitos nela tratados.
O que me ocorre agora é a estranha sensação em que me encontro. Caracterizei esse estranho estado da minha impalpável alma como melancolia, mas não sei se estou certa ou se é apenas uma vulgar compilação de emoções contidas há anos. Parte de mim parece morta. Outra parte dormente. Sinto um triste desânimo de pessoas e até a paisagem da minha janela já não aprecio mais. Pareço incapaz de muitas coisas e protelo qualquer atividade que me predisponha a realizar. Estou triste.
Um peso nos ombros que nunca senti. Talvez, essa seja minha cruz, um pedaço de madeira a roçar minha carne por tempo indeterminado. Quero um calmante, não que me acalme, mas que me faça dormir, porque o acordar é uma dor a mais, mesmo sabendo eu, no íntimo, que a vida é dádiva e deve ser tratada como tal. Mesmo assim quero sonhar invés de viver essa melancolia que me torna desejosa da mais profunda solidão.
“... Sigmund Freud, o pai da psicanálise, definia a melancolia como um árduo estado de desânimo, de desinteresse pelas coisas do mundo, incapacidade de amar, contenção na realização de qualquer tarefa, baixa gradual da autoestima, até alcançar um patamar de desejo de uma punição. Estes mesmos sinais estão presentes, segundo ele, no luto, exceto o desequilíbrio da autoestima. Há muitos séculos, porém, Hipócrates já considerava a melancolia como uma doença. Através da sua teoria dos quatro humores do corpo – sangue, fleugma ou pituíta, bílis amarela e bílis negra -, ele detectava a presença do desequilíbrio do baço, influenciado por Saturno, associado por muitos, até hoje, a esta disfunção emocional. Segundo o médico, o astro induzia este órgão a expelir um excesso de bílis negra, que assim provocava a melancolia. Era comum na Idade Moderna atribuir a fatores astrológicos a capacidade de responder pelos caminhos do homem na Terra. Como as concepções mudam ao longo do tempo, na Renascença e no Romantismo estar melancólico representava certo glamour, um status de aprimoramento da alma...” (Info escola)
Imagem: Munch, Melancolia (c.1890)
Fones de ouvido, por favor!
Às vezes, fico pensando o que se passa dentro da cabeça de alguém que está dentro de um ônibus lotado ouvindo música, especialmente, irritantes no volume máximo do celular. Queria, de fato, compreender as conexões cerebrais de um indivíduo assim. O pior de tudo é que sempre tem alguém ouvindo música no volume máximo dentro do ônibus, não é algo esporádico ou incomum.
Ontem mesmo, precisei utilizar quatro ônibus diferentes em horários diferentes. Em todos os ônibus tinha um “DJ”. Daí, cheguei em casa e pesquisei que a própria internet aborda muito este fato, também existem jornais de ônibus que abordam este fato. É mesmo impressionante!
Atribuo situações chatas como esta à pura e simples falta de educação das pessoas que a praticam. Afinal, será que em pleno horário de pico alguém além do “DJ” está interessando em ouvir um funk ‘proibidão’? Duvido muito. É claro, que ouvir música dentro do ônibus não é uma atividade proibida, mas vai do bom senso do passageiro.
Existem assuntos que nem precisavam ser abordados se um número relevante de pessoas não fosse tão inconveniente. Não tenho intenção de ofender ninguém que gosta de ser “DJ” durante o trajeto de sua casa, mas refletir sobre respeitar o espaço do próximo é muito importante. Afinal, todos, enquanto indivíduos que dividem o mesmo espaço social, gostamos e queremos respeito. Seria interessante refletir sobre a arte da boa educação. Para o problema abordado é simples: fones de ouvido, por favor!
Imagem: Google
QI's
Cada vez mais eu me convenço de que, para alcançar o sucesso, é preciso conhecer e, mais que isto, fazer amizade com a pessoa certa. É aquele famoso “QI”, que não significa mais o ‘quoeficiente adquirido’ de um indivíduo, mas, sim, ‘quem indica’. Os brasileiros, em especial, têm esse perfil, não muito elogiável do meu ponto de vista. É daí que surge o nepotismo que todos conhecem e criticam. E o muito conhecido, mas não tão condenável, coleguismo. “Vou colaborar com fulano, afinal ele é meu colega”, é o que muitos fazem por aí.
Era o tempo em que esforço e dedicação resultavam em conquistas. Napoleão Bonaparte costumava dormir em cima dos mapas para alcançar vitórias em suas batalhas. Hoje, dormir em cima de livros, significa adquirir conhecimento, mas poderia significar muito mais: um bom cargo, por exemplo.Também não posso esquecer que Napoleão Bonaparte não era brasileiro.
Talvez os meus desabafos sobre honestidade e capacitação não cheguem a lugar algum, mas não é minha intenção que cheguem. Certamente, será apenas mais um texto que trata de injustiças. Mas talvez um dia o país caminhe em direção ao que se espera sobre justiça e comprometimento. Talvez um dia eu monte uma empresa e não contrate meus colegas e, sim, pessoas capacitadas que possam fazer a diferença ou apenas o seu papel no cargo que exercerem.
Por enquanto, fico apenas com a fala de Napoleão de que “Muitas batalhas são ganhas pela simples lembrança de guerras perdidas”. E quem sabe amanhã eu não faça parte desse amplo conjunto de “QI”'s mundo afora? Quem sabe eu não fique eternamente grata por alguém ter me dado uma forcinha? Quem sabe eu não indique alguém e alguém me seja eternamente grato? Afinal, vivo no Brasil e o que preciso esquecer é de cantar o eterno refrão “Que país é esse?” que fica martelando minha cabeça.
Imagem: Google
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- Professora frustrada. Esportista fracassada e com leve declínio ao sedentarismo. Amante de Literatura, Cultura e Arte. Em geral, amo tudo que ninguém consegue entender.