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“A gente não quer só comida...” no bom sentido!
Na
década de setenta, a Rede Globo dava vida à obra de Jorge Amado (Gabriela, cravo e canela). No
entanto, a extinta TV Tupi já o havia feito na década de sessenta. Sabe-se,
porém, que tudo o que a Globo “toca” se transforma em ouro, mesmo que seja
urina, o que não é o caso de meu amadíssimo autor Jorge Amado. Considero sua
obra, com destaque para a Bahia, uma verdadeira aula de História em forma de
Literatura de altíssimo nível.
Sinto-me
homenageada por ter o nome de uma obra Literária, muito embora de maneira
distorcida e atrofiada pela malícia e a busca pela audiência. Li o romance
“Gabriela, cravo e canela” há muito tempo, mas posso garantir que a conotação dada a ele na TV
é diferente e busca apenas prender a atenção do telespectador, por isso investe
muito nas “cenas quentes” protagonizadas pela personagem, tenho certeza que,
com Juliana Paes e o galã Humberto Martins, essa tendência a investir no banal
da obra artística não fugirá à regra, o que é uma pena. Não sou nenhum tipo de
moralista, nem quero defender a imagem da personagem que tem o mesmo nome que o
meu, mas penso que há outros canais onde as cenas de sexo poderiam ser melhores
aproveitadas. Penso que utilizar a obra de um grande e brilhante autor
brasileiro para alcançar audiência chega a ser um insulto, mas fazer o quê,
‘né’? Afinal, acredito que meus comentários sempre cairão na mesma regra fixa:
este é um país onde tudo é classificado como bom, simplesmente porque maioria
do povo não sabe distinguir alhos de
bugalhos.
Acompanharei
alguns capítulos apenas para atestar que estou certa em meus dizeres, já que as
chamadas da novela explicitam aquilo de que ela vai tratar, talvez até seja um erro julgar antes de assistir. Nem tudo que a
Globo faz é tão ruim assim, recordo-me agora da série “Capitu” que era um
retrato sensacional da obra de Machado de Assis: “Dom Casmurro”, uma
interpretação viva dentro de um quadrado midiático, foi perfeito e valeu a pena
assistir, mesmo que eu tenha perdido alguns capítulos. Lembro-me também de
“Hilda Furacão”, série protagonizada por Rodrigo Santoro e Ana Paula Arósio,
atores que, além de brilhantes, são lindos. Eu ainda era muito jovem, mas
lembro de que gostava de “Maria Moura”, uma configuração perfeita da obra
homônima de uma de minhas autoras favoritas: Rachel de Queiroz. Sendo assim,
espero que, na novelinha das onze, a Globo implante algo, realmente, válido da
obra de Jorge Amado. Penso que seja difícil fazê-lo, já que o público dessas
novelas não é lá... “essa Coca-Cola toda”. Tenho certa esperança, pois a última
novela desse horário, “O Astro”, foi uma imbecilidade ‘que só’, no entanto o
final foi interessante quando a emissora ousou e inseriu “Realismo Mágico”,
transformando o personagem de Rodrigo Lombardi em um pássaro, isso fez lembrar
as novelas de antigamente, algo que não é da minha época, infelizmente.
Enquanto isso, vamos acompanhar a Balzaquiana, Juliana Paes, no papel de ninfeta
e ver se ‘a gente’ que “não quer só comida...” tira algum aprendizado disso.
Recomento, todavia, a leitura do livro.
Imagem: Google
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