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Ninguém tem uma gramática normativa na cabeça
Outro dia, eu
disse a frase: “não emagreci uma grama”, um certo senhor me corrigiu: “Não é
uma grama, é um grama”. Contra-argumentei: “O senhor quer que eu fale todos os
erros gramaticais normativos que cometeu durante nossa prosa?” Parece-me
estranho, mas as pessoas pensam que apenas uma ou outra palavra do que se diz é
certa ou errada. Na verdade, se formos analisar tudo o que dizemos,
encontraremos mais erros do que acertos (em termos gramaticais). Afinal, a
oralidade é, completamente, diferente da escrita por inúmeros fatores, um deles
e eu diria, o principal deles, é o pensamento. Como eu acredito que pensar seja
automático, não vejo certo e errado na fala. Portanto, falo do jeito que eu
quiser!
Às vezes, me
sinto forçada a falar melhor devido à cobrança que cerca uma professora de
Língua Portuguesa, mas, na linguagem coloquial e cotidiana, vejo tal atitude
como enorme deselegância. Então, só para contrariar, continuarei dizendo “uma
grama”. Caros leitores, não me entendam mal! Não estou afirmando que falar “nóis
foi” ou “nóis vai” seja correto ou elegante. O que estou tentando expor é a
ideia de que o, verdadeiramente, correto, na oralidade, me parece impossível,
até mesmo pelo fato de a Língua Portuguesa ser uma das mais difíceis do mundo.
Queria que as
pessoas pensassem de forma mais aberta... Falar em erros gramaticais durante a
fala é algo inviável. O pensamento é fugaz e a fala
apenas tenta acompanhá-lo e, de certa forma, reproduzi-lo. É melhor pensar
mais, antes de sair corrigindo quem a gente pensa que não entende de
determinado assunto. Ou antes de tentar chamar alguém para um duelo gramático
normativo. Não sou competitiva, mas, se me chamar para o debate, eu vou, e é
bom tomar cuidado, bagagem eu tenho cada dia mais.
Forte abraço,
e boas leituras!