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A política da falsa felicidade
Tenho alguns textos que falam sobre felicidade. Não que sejam
mentirosos, mas nem tudo aquilo que sinto é o que faz parte daquilo que preciso expressar no meu dia a dia. Sentimentos são confusos e difíceis de serem
sempre os mesmos. Por isso, ser feliz é diferente de estar feliz hoje ou
amanhã.
Atualmente, existe uma política da falsa felicidade. As
pessoas sempre fingem estar bem para fazer valer a máxima de que suas vidas são
interessantes ou mais interessantes que outras. Digo isso por experiência
própria. Como não tenho uma vida convencional, do tipo, sair, muitos amigos,
amores, paixões, carro, profissão bem sucedida etc. e tal, as pessoas pensam
que, por serem convencionais, e almejarem tudo que citei anteriormente, sou
menos feliz do que elas. Bom, posso até não ser feliz, admito! Mas elas também não são, mesmo almejando ou
tendo tudo o que acham que precisam para serem felizes.
As pessoas que saem muito para a balada e que não têm um
grande amor, acham que tenho que sair mais, e só assim poderei encontrar um
grande amor. Então, por que elas ainda não têm um grande amor? Acham que eu
deveria lutar para sair da minha profissão, outros acham que eu deveria
trabalhar por amor, outros acham que eu nunca deveria ter entrado... Então, a
quem devo ouvir? Como lutar por outra profissão? Como sair? Como nunca ter
entrado, se já entrei? Tenha um carro, tenha amigos, tenha amores e paixões.
Siga as regras e será como... eu! É o que me dizem... Mas ser como os que seguem
as regras é ser feliz? Tudo não passa de mera maquiagem. Toda felicidade é
feita de momentos. Nada é eterno. E me desanima, em muito, esse pensamento de
lugar comum, de que a felicidade é uma certa ditadura.
Rivotril? Clonazepan? Paroxetina? Fluoxetina? Qual a fórmula?
Eu não sei... Mas, certamente, não há de ser a de sempre... Porque parece não
funcionar com todo mundo ou, pelo menos, parece funcionar só por um tempo. Eis
a vida, eis a falsa política do contentamento imediato, eis a política da falsa
felicidade...