O sistema me rotula como professora disso ou daquilo, mas na hora “H”
tenho que ser (rotuladamente) educadora? Não me importo em ser educadora, embora eu pense que
essa tarefa é da família, não minha. Ora, minha forma de educar é diferente da
forma de educar dos pais dos alunos. Ou me deixa educar do meu jeito ou, então, não me rotule!
Uma das frases que sempre adorava recitar nos trabalhos de faculdade era “Professor é profissão. Educador é vocação”.
Mas hoje, na lida, não sou vocacional, sou impulsionada. Sendo assim, sou
profissional. O que me impulsiona são as contas do fim de mês, os poucos planos
para o futuro, o crescimento na carreira? Qual? A única forma de melhorar um
pouquinho o salário é me tornando vice-diretora ou diretora, algo que jamais
esteve ou estará nos meus planos (não nasci para cargos de comando). Não gosto
de coordenar ou controlar uma situação e, mesmo que gostasse, vejo a forma de
crescimento profissional na área educacional como uma fuga da sala de aula, não
há outra forma. Por que eu não pensei nisso antes? (risos)
Conheci uma professora muito amargurada com a carreira, eu sei que não
sou assim e jamais serei. Muitas coisas não me agradam, mas não vou passar a
vida me lamentando, nem vou assumir posturas que não fazem parte da minha
personalidade. Por exemplo, para organizar uma feira de cultura, o vice-diretor
disse que quem vai ficar com o “trabalhão” mesmo é o professor e, não, os
alunos. Então, qual o propósito da feira, já que os alunos não terão trabalho
e, sim, os professores? Fazer uma feira por fazer? Aí surge aquele discurso: “vocês são educadores”. Uai, eu não era
professora? Na verdade, essa função de professora só surge na hora dos
servicinhos burocráticos e, é claro, na hora do pagamento! Sim, acredito que os
professores têm que ser criativos para, assim, estimular a criatividade dos
alunos, mas não para criar no lugar dos alunos.
Não estou decepcionada, não é essa a palavra. Estou apenas, tremendamente,
desconectada com algumas funções a mim impostas. Sou humana, não sou máquina.
Estou contrariada, mas, infelizmente, minha contrariedade, apenas irá
dificultar o trabalho a ser feito.
Quero
recomendar dois filmes interessantes: “Entre
os muros da escola”: um documentário francês que mostra a rotina de um
professor dentro de sala de aula. Na época em que assisti ao filme, achei
terrível a rotina do professor. Atualmente, diante da minha realidade, acho que é bem
melhor dar aulas na França do que aqui. O segundo filme é “Verônica” (um filme nacional), que narra a saga de uma professora heroína, a qual
passa por cima de tudo e todos para salvar a vida de um de seus alunos. O filme
é um caramelo na boca daqueles que ainda veem a profissão de professor como
algo compensador. Ah, e boa sorte para todos os futuros espectadores dos
filmes, pois, com certeza, quem se interessar em assistir deve ter algum
interesse em lecionar. Então, boa sorte antecipada!
Imagens: Google