Desistir não é uma escolha, embora a maioria esmagadora das pessoas
pense que é. Mas não vou discutir o que é certo ou errado, não que eu não
acredite que esteja certa, ao contrário. Desistir envolve muito mais do que
vontade, às vezes é uma questão de honra, outras, uma questão de não haver
outra opção e, sem opções, não há escolhas.
Após a desistência surge aquela palavra que tanto me amedronta:
recomeçar. Mas, como sempre digo: Que desânimo! Recomeçar é começar de novo. É
o mesmo que colocar uma criança que já sabe ler mais uma vez no maternal. Com
certeza, essa criança se frustrará, com certeza se desiludirá com a escola, e
repetir aquilo que ela já sabe fará com que ela não queira mais ver o que ela,
outrora, já havia visto. Frustrante isso!
Inventei agora outra forma para levar a vida, pode, em um primeiro
instante, parecer semelhante a recomeçar. No entanto, em uma análise um pouco
mais atenta, é algo, totalmente, diferente: prosseguir é a palavra! Enquanto
recomeçar é começar de novo, prosseguir é continuar aquilo que se havia
começado. Não importa o que vier, é uma sequência e, toda sequência, seja ela
errada ou não é a continuidade de um caminho, e, não, refazer o caminho. A ideia
de refazer me cansa. A ideia de recomeçar pode até soar mais romântica... Algo
que não sou perante a vida.
Quando penso em prosseguir, penso em novas oportunidades. Quando
penso em recomeçar, penso em começar tudo de novo. Prosseguir é mais fácil,
embora exista muito caminho errado para seguir. Não há fórmula de conduta
correta, e nada pode garantir se prosseguir me blindará de sofrer. Não há cápsula
protetora. Mas há uma vantagem: cada vez que se dá um passo à frente é uma nova
pessoa caminhando e não a mesma que refaria um mesmo caminho ao recomeçar. Não
estou blindada às tristezas, mas os mesmos causadores das minhas tristezas
passadas estão atrás de mim, já que eu estou um passo à frente.
Imagem: Google