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Não precisa estudar

Posted by Blogueira on 19:01 in , ,

Achei engraçado quando uma aluna, do auge dos seus vinte e poucos anos, me disse que o que ela queria, realmente, fazer não precisava de estudo. Curiosa, eu quis saber: _Afinal, o que você quer fazer? Ela me respondeu com um sorriso: _Quero ser jornalista! Demorei a absorver a informação, não entendi a frase inicial de que não era preciso estudar. Então, indaguei: _Mas para ser jornalista não precisa estudar? Ela argumentou: Não, ouvi dizer que não é preciso ter o curso de jornalismo para ser jornalista. Uau... O diálogo se estendeu, mas não sei se, de fato, a aluna foi capaz de compreender que para ser jornalista é preciso estudar muito e “de quebra” ter um bom apadrinhamento para ser sucesso garantido. Fatos assim conseguem acabar com minha autoestima, com minha posição de educadora, professora, sei lá. Na era da internet, dos filmes, livros, novelas e muito mais ainda falta o básico: compreender as informações. Sinto-me culpada, pois a função do professor, seja ele de qual disciplina for, é fazer com que o aluno absorva melhor as informações e compreenda a vida da maneira mais clara possível. Por outro lado, sei que não sou a salvadora da pátria e ainda tenho muito que aprender, só espero que a caminhada do meu aprendizado não termine nunca e que eu seja aprendiz até o último dos meus dias. O que mais me impressiona é a aluna ter ficado decepcionada com o fato de ter que estudar para atingir os seus objetivos. Ou seja, é a lei do menor esforço. Confesso, não sei o que fazer diante disso.

Ao final da longa explicação, a aluna me disse: _Você jogou um balde de água fria nos meus sonhos. Então, pensei, pois não tive forças nem para responder: _Você também jogou nos meus.

"E o salário ó..."

“A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele e, com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse a renovação e a vinda dos novos e dos jovens. A educação é, também, [o espaço] onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las do nosso mundo e abandoná-las a seus próprios recursos, e tampouco arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para nós, preparando-as, em vez disso, com antecedência, para a tarefa de renovar um mundo comum.”

ARENDT, Hannah. A Crise na Educação. In: Entre o passado e futuro. São Paulo. Editora Perspectiva, [1946] 2009. p. 247.


2 Comments


Adorei o post e a citação de Hannah Arendt. Também sou professora e me sinto Prometeu, sabe? A gente tenta diariamente entregar o fogo à humanidade e diariamente vem um abutre nos bicar no fígado, tirando o pouco de esperança. Só que o fígado se renova... e professor, acredito, tem uns três ou quatro. :-) Beijos e sucesso! Em tudo!!


Adorei o texto, o blog, os posts em si. Está de parabéns. *-*
http://thegirllostinwonderland.blogspot.com/

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