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"O animalzinho que somos..."
O livro “Ensaio sobre a cegueira” (José Saramago) encaixa-se, perfeitamente, ao momento que estamos vivendo. Afinal, nós (humanidade) parecemos estar cegos, como diria o IMORTAL Saramago: “Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem.”. Não há nada que possamos afirmar acima desta citação, que está no livro. Quando o li em 2007 fiquei bastante sufocada, porque o livro é sufocante. Ao mesmo tempo, libertador. Complexo? Sim, por que não dizer que a vida é complexa? Todos sabemos disto, mas preferimos as antigas fórmulas para encarar a realidade. Não há nada pior do que viver em uma sociedade desigual e perdida que talvez nunca se encontre. Estamos dentro de uma ficção de Saramago! Estamos assustados e cegos.
Tempos depois, aparece Fernando Meirelles e nos aterroriza com o filme, que é uma leitura do grande diretor em relação ao livro. Mas bem que poderia ser o próprio livro a se transfigurar em nossa frente e, assim, ficamos paralisados diante a realidade nua e crua daquilo que somos, porque, simplesmente, estamos cegos. Cegos de burrice, cegos de falta de compaixão, cegos de desamor, cegos de atos e omissões, cegos de inveja e cobiça. Nada mais que cegos, cegados por nossas próprias atitudes.
Recomendo livro e filme com a falta de entusiasmo de quem assiste de camarote à própria destruição. Destruição toda nossa, pois fazemos parte da mesma humanidade cega!
“Mas quando a aflição aperta, quando o corpo se nos desmanda de dor e angústia, então é que se vê o animalzinho que somos.” (Saramago)
(Imagens: Google)