“Onde vivem os monstros” (E os seus?)
Sentei-me ao lado da cama para assistir um filme com meu sobrinho. Imaginei que fosse mais um daqueles intermináveis filmes infantis que meu sobrinho, geralmente, me convida para assistir com ele. No entanto, tive uma das melhores surpresas que poderia ter relacionada a filmes. “Onde vivem os monstros” é uma adaptação do livro homônimo de Maurice Sendak que ainda não tive a oportunidade de ler, mas dizem que se pode ler em poucos minutos. Apesar de eu ter considerado o filme um drama fortíssimo em relação aos sentimentos mais intrínsecos do humano, posso dizer que foi um retorno à minha infância. Sim, àquela parte solitária que toda criança possui, e, algumas, por mero perfil rotulado do infantil nem aparentam possuir. Bati de frente com meus próprios conceitos e angústias. Há quanto tempo um filme não me despertava algo assim? Nem posso contar... Lá se vão muitos anos de afastamento de uma infância vivida, e, aos poucos, consumida pela passagem feroz do tempo que insiste em devorar cada pedacinho que restava daquela melhor parte de mim: a infância. “Onde vivem os monstros” é o exemplo concreto e sincero de tudo que me constroi, uma confusão de sentimentos, que mais parecem monstros quando as pessoas não sabem como lidar com eles, estando na infância ou no agora.
(Imagem: Google)