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A lacuna é maior.

Posted by Blogueira on 21:20 in



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Fizeram meu coração em pedaços. Eu, invés de recolher os pedaços, os soprei em direção ao nada e deixei que eles caíssem meio ao vão. Não sei se agora tenho algo que preencha o espaço que ficou vago. Sei que meu coração não está mais aqui. E, de todos os vazios que eu já senti, este é o pior. Antes eram apenas os sentimentos que me faltavam, insistiam em não me preencher. Agora, entretanto, a lacuna é maior e a responsabilidade em suportar tudo isso é pesada, apesar do vazio. Tudo isso só me faz crer em contradições, pois a falta de um órgão deveria e teria a obrigação honrosa de tornar meu corpo mais leve. Mas, coerente que sou, não vou culpar lacunas não preenchidas, agora não é mais uma questão de corpo. Isso é coisa de alma e eu só quero lavar a minha, para, assim, poder me sentir ao menos mais limpo de tudo que me sujou, já que a tarefa de me sentir mais leve eu nem sei mais de quem é, simplesmente pensei que essa era uma função de coração. Não minha!

(Imagem: Getty Images)


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Somos.

Posted by Blogueira on 20:40 in

Queremos a verdade e mentimos para nós mesmos. Falamos de Cinderelas, Brancas de Neve, Príncipes e Fadas para nossas crianças. Depois apresentamos a elas nossos Shrek's. Produzimos lixo e não reciclamos. Comemos pão e macarrão, somos de massa. Rezávamos para Deus pela nossa existência, agora rezamos para que Deus exista. Para que se faça valer a máxima de que viemos do pó e ao pó retornaremos. Tomamos café para nos mantermos ligados, depois tentamos nos desligar da cafeína. Plantamos cana e nos embriagamos do seu álcool. Somos falhos. Acreditamos em anjos e demônios e às vezes nos igualamos a eles. Somos tão pequenos. Também tão grandes. Plantamos sementes para cortarmos as árvores. Produzimos cópias das cópias. Fazemos amor e fazemos a guerra. Cobiçamos o que não é nosso. Alcançamos o que não queremos. Somos ingratos. Deixamos de comer carne, enquanto carne humana morre por falta do que comer. Somos individualistas. Também somos individuais. Tentamos nos livrar da poeira enfiada debaixo do tapete. E sacudimos essa mesma poeira e damos a volta por cima. Somos empoeirados. Aprendemos novos dialetos, novas canções, novos poemas e sentimos falta dos velhos. Somos velhos. Também somos novos. Conquistamos pessoas, depois as descartamos. Somos descartáveis. Falamos de carne fraca. Acreditamo-nos carnais. E somos.




(Imagem: Getty Images)


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